Marcelo Conte de Souza escreveu:
Boa tarde Leandro!
Além dessas já citadas por você, ainda há a "dança das cadeiras" entre outras marcas renomadas como a compra da Bobcat pelo grupo Doosan/Daewoo(Coréia do Sul) e a Hyundai Machinery(Coréia do Sul) pela Volvo. A grande questão é a qualidade das peças produzidas por esses grandes fabricantes em outro território (leia-se China) e com a eterna dúvida relativo a durabilidade. Até então quando estes fabricantes traziam as mesmas de seus países de origem(EUA, UE) sabia-se de sua confiabilidade já que o processo fabril passa por um controle de qualidade rigoroso sem citar que sua mão-de-obra é extremamente capacitada. Mas nos dias de hoje, observando o quebra-quebra na Europa e EUA não fica difícil imaginar uma manobra por parte destes afim de recuperar seus lucros advindos de suas filiais chinesas! O fato também da compra de empresas à beira da falência pelos chineses deve-se muito mais a tecnologia que acabam incorporando aos seus produtos. Também concordo que com ess atitude por parte da Caterpillar e Volvo com suas "crias" chinesas, irá aos poucos derrubar uma concorrência benéfica aos operadores de equipamentos pesados e peças de reposição! Posso dar um exemplo do meu amigo que possui duas Caterpillar 924 G e que andou pesquisando sobre as SEM 638 que seria da mesma categoria. O preço já não é tão baixo em relação aos seus pares ocidentais e como alguns da Sotreq dizem; "A SEM é o fuscão das máquinas, usando motores ultrapassados da marca" ! Agora me pergunto se o preço das peças será também "abusivo" por agora pertencer a Cat??? Esperar pra ver!
Um grande abraço à todos do grupo!
Caro Marcelo, acho que o mercado de equipamentos pesados para construção civil, mais especificamente para terraplenagem (linha amarela, como chamam), está passando por um processo de transição.
Até algum tempo atrás, tinhamos as principais marcas brigando para ter o equipamento com maior performance, maior confiabilidade e maior conforto ou praticidade para o operador. Tudo isso, ao longo dos anos, foi tornando o custo de aquisição dos equipamentos mais alto.
Com a entrada dos produtos orientais no Brasil, principalmente os chineses, o mercado de terraplenagem voltou a ter a opção de produtos menos sofisticados com preços muito menores, proporcionalmente ao seu rendimento, com ótima relação custo x benefício.
Tecnologia é muito bom, porém, em algumas áreas, nem sempre o seu emprego massivo, como vinha ocorrendo, resulta em melhor desempenho ou rentabilidade, principalmente em aplicações específicas e para clientes especiais.
Com isso, houver esse boom de vendas de máquinas chinesas no país. Marcas renomadas como Caterpillar, Volvo, entre outras, não deixariam passar batido essa fatia de mercado que estavam perdendo, por isso, correram atrás do prejuízo (metaforicamente falando), adquirindo marcas chinesas e atuando "por trás" delas.
Li em uma entrevista, não sei ao certo se foi na revista M&T, que o novo presidente da Volvo CE afima que não é uma estratégia da empresa o fato de antigos compradores de máquinas Volvo usadas estarem optando agora por máquinas novas da SDLG (onde a Volvo CE é acionista majoritaria) resultando em um aumento significativo de vendas da marca.
Ora bolas, você acha que "eles", as grandes potências na fabricação de máquinas, dão ponto sem nó?
Para mim, não só da Volvo CE, mas de todas as grandes ocidentais que adquirem marcas chinesas, essa é sim uma estratégia. É muito mais vantajoso para o fabricante vender um equipamento mais simples e mais barato inteiro, do que vender apenas peças e serviços para um equipamento usado. Simples assim!
Na entrevista, o novo presidente da Volvo CE também diz que a SDLG não é uma "segunda linha" da Volvo, e sim, uma nova opção para quem quer uma solução mais barata e rápida.
Eu, como muitos outros com quem tenho conversado sobre essa "dança das cadeiras", como você citou, meu amigo Marcelo, entendo que quem compra produto chinês realmente não quer ficar com ele por mais de 1 ou 2 anos (solução barata e rápida, entende?). Para mim, não é que a pessoa não vá usar o produto por muito tempo, ou que não tenha esta necessidade, o fato é que o produto não vai "durar" como duraria a marca Top, entende? Mas, está aí a diferença no custo x benefício.
Agora eu não compro SEM achando que vou ter qualquer respaudo da Caterpillar... e também não compro SDLG achando que vou ser respaudado pela Volvo CE. São empresas diferentes, administradas independentemente, equivoca-se quem pensa o contrário.
Sobre os preços, para mim, outra estratégia. Assumindo o controle de quem está te incomodando, você ajusta sua atuação de forma a te dar lucro direta e indiretamente. Aumentar o preço das marcas chinesas controladas pelas ocidentais é a forma de conseguir isso. Mata-se assim, dois coelhos com uma cajadada só. Não digo que eles estejam errados, pelo contrário, isso é capitalismo, deve-se obter lucro sempre e cada vez maior quando possível, mas infelizmente, quem perde somos nós, o povo, relés mortais.
Como citou, também houver o caminho inverso, ou seja, chineses comprando ocidentais, como a Sany que adquiriu a gigante alemã Putzmeister e a XCMG adquire a alemã Schwing Stetter. Casos claros onde os chineses não pensam apenas em abocanhar um mercado, pois poderiam fazer isso com seus produtos, mas vão mais além, comprando a tecnologia, o know-how das veteranas ocidentais.